Para que tambem vos acrediteis

Jo 19,31-37 apresenta os factos ocorridos após a morte de Jesus: as pernas não quebradas e o lado trespassado, donde sai «sangue e água». A importância dos aconteci­mentos é entregue ao leitor como conteúdo de fé: «para que tam­bém vós acrediteis» (19,35). Mas, acreditar em quê e com que implicações? Partindo de uma análise sincrónica e semântica, o autor rele­va o v. 35 como centro da perícope e a morte de Jesus como dado fundamental; e demonstra que a centra­lidade dos factos não está no «sangue e água», mas no corpo «inquebrado», primeira consequên­cia da morte de Jesus — o corpo é trespassado porque se mantém «inquebrado» (cap. I). A contemplação do quadro remete o leitor para a forma como o QE o preparou para entender a morte de Jesus e as suas conse­quências (cap. II). Socor­rendo-se da dia­cronia (tradição utili­zada) e da teoria dos «espaços mentais» de G. Fauconnier, o autor faz emergir a maneira como o QE funde passa­gens, imagens e metá­foras veterotesta­mentá­rias — dando-lhes um conteúdo novo através de uma cristologia que redimensiona a Escritura — para apre­sentar a morte de Jesus e as suas con­sequências como sinfo­nia apo­teótica da história da salva­ção (cap. III-IV). Por fim, tendo em conta a situação vital, conclui que o convite de 19,35 é uma exortação à «inquebrantabili­dade» da fé cristológica e, como fruto dela, à unidade eclesial (como forma de ter «vida no seu nome»: 20,31), de acordo com o «teste­munho ver­da­deiro» de «aquele que viu» (cap. V).